“O Augusto vive agora numa grande
reserva interior, criando entre nós uma vasta zona de silêncio que se
transforma em neblina afectiva; soube sempre onde o encontrar – para onde
lançar toda minha pujança, e encontrar eco; só a travessia da metanoite que,
por estes dias, principiei a tentar escrever (...)” uma escrita qualquer como qualquer
outra que nada diz e persiste. E cansa. E jura. E paráfrase. E apropria.
Escrevo e imagino, criando mais imagens, e essa agora é de você num quarto
predominantemente branco, bebendo vinho, uma canseira do nada que pesa e uma
preguiça de querer dar nome para as sensações que passaram a habitar seu corpo. ________________________________________capacidade
de produção de um terreno ou solo. saio para comprar um envelope. “Estou
lembrada, não estou lembrada” fascinantemente esqueci e recordo com certo medo
porque enganosa essa memória “(...)que o tempo não conduz”. Penso em você novamente, por
vezes muitas vezes não dizer, mas sempre sentir: que seu sorriso me bloqueia, “Ora ele
observou que tu, por vezes a anos de distância, não apagas o rasto do seu
trajecto.”
Bloqueia não, gente. É um contágio mesmo. Penso agora no seu corpo percorrendo
essas ruas essas cidades esses lugares que que que que com muito esforço tento
construir na imaginação mas não consigo nada além de umas calçadas de pedra “________ num
inconsolável abismo em que as pedras do fundo – e as próximas – eram cabeças
humanas.”
Jesus, Maria, José: que que isso? Ontem no bar eu já senti algo de saudade ou,
quando olhei pro seu rosto. Não sei dizer, os últimos abraços são tão esticados.
Parei aqui, pareço despedir de uma vida inteira, mas é um tempo tão fluido como
todos os outros - cada qual de nós nos seus envolvimentos e claro que alguma
pontada ou outra de sentimento sem nome será velada “(...) o horizonte é vasto, o mar é
interior e a vida, paradoxalmente, não sei se tem duração, ou não.” Dizem
que se balançar o pé, cai. Cai? Resolvi esperar à sombra, dessa árvore.
Confortável uma brisa fresca vez turva outra macia vez granizo outra e por
assim vou encostado, ando sem mover uma pata. Vez turva outra macia outra
derruba o próprio fruto na minha cabeça outra sua cabeça outra e daí você de
volta, “____as
ideias abrem caminho, vão de um para outro lugar. Como os objectos. Ou os
móveis. Ou o vento entrando e saindo das árvores. A física das palavras sólidas
e dos sentimentos cruza-se com a das emoções da mente – o os líquidos voláteis.” “...vão
sozinhas pelo há.”
Sem saber agora o que mais bobear
aqui, por tantos (palavras que digo é enquanto grafia esvaziada) códigos abertos
à ventania: é você quem capta e isso não quero somar à sua canseira (existe?):
fica com o nada: claro que se mais-querer pode. Fica com o nada! Que o que
somos já o é, e é mesmo que não seja “(...) cansa-me, não que não exista. Mas eu não
quero deixar morrer a ideia – que me parece exacta -, de que as coisas vivem
por profundezas ou tênues camadas, em si mesmas.” Como parar o sol na parte mais fria
da piscina?
*CitaçõesFragmentos do livro
Diário III de Maria Gabriela Llansol
Volte
sempre!
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